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Evangelion: O que falar sobre algo tão incrivel?

      Com seu primeiro episódio transmitido pela TV Tokyo em 4 de outubro de 1995, e produzido pelo renomado estúdio Gainax com animação da Tatsunoko, o anime Evangelion é frequentemente associado a uma animação considerada antiga. No entanto, é crucial não se deixar enganar por essa percepção inicial. Assim como um vinho refinado, Evangelion envelheceu de maneira extraordinária, ganhando uma complexidade e profundidade que o tornam uma obra atemporal. Embora não seja isento de falhas, como qualquer obra humana, isso não diminui sua capacidade de cativar e envolver o espectador. Evangelion é mais do que uma simples série animada; é uma jornada emocional intensa, repleta de nuances e reflexões que ressoam profundamente com seu público. Uma das reflexões mais marcantes é a semelhança entre o mundo de Evangelion e situações da vida real, como a pandemia global que assolou o mundo. Antes mesmo do início da história principal do anime, o mundo de Evangelion foi devastado pelo "Segundo Impacto", um evento catastrófico que ceifou grande parte da humanidade.

      À medida que acompanhamos a narrativa, percebemos que a sociedade fictícia retratada na série está em um processo de recuperação desse trauma coletivo. Espécies de plantas e animais desapareceram, e até mesmo estilos de música foram perdidos, refletindo um mundo em reconstrução após uma crise de proporções épicas. Essa narrativa ressoa de forma surpreendente com a experiência vivenciada durante a pandemia global, onde também fomos confrontados com a necessidade de nos adaptar a uma nova realidade, reavaliando nossas prioridades e enfrentando desafios inesperados. A resiliência da humanidade diante da adversidade é um tema central tanto em Evangelion quanto em nossa própria história recente. Embora a análise dessa temática mereça um tratamento mais aprofundado, é importante reconhecer que Evangelion vai além de uma simples obra de entretenimento. É um espelho que reflete os dilemas e as lutas da condição humana, convidando-nos a refletir sobre nossa própria existência e o mundo ao nosso redor. Em última análise, Evangelion é um testemunho da capacidade da arte de transcender o tempo e nos conectar de maneira profunda e duradoura.

Um final controverso.

        Se você ainda não assistiu ao anime e prefere evitar spoilers, é melhor não prosseguir com a leitura deste texto. A partir deste ponto, estarei discutindo eventos que ocorrem mais para o final da obra. No entanto, se spoilers não são um problema para você, fique à vontade para continuar. O protagonista Shinji atravessa a maior parte do anime em busca de um propósito, uma busca que pode parecer tediosa à primeira vista. Na minha opinião, essa intensa busca de Shinji não prejudicou minha experiência ao assistir ao anime. Na verdade, esse "problema" do protagonista desempenha um papel crucial no desenrolar da trama, especialmente no seu desfecho. O final do anime "Neon Genesis Evangelion" é conhecido por sua complexidade e abertura à interpretação. Existem várias versões diferentes do final, mas a série original de TV, dirigida por Hideaki Anno, termina com os controversos episódios 25 e 26. Nestes episódios, os personagens principais enfrentam questões profundas relacionadas à existência e à psicologia, enquanto a narrativa assume um tom altamente simbólico e abstrato. O episódio 25 explora os conflitos internos dos personagens, revelando suas angústias e inseguranças. Já o episódio 26 é uma espécie de "final de sonho", onde os personagens confrontam suas próprias identidades em busca de aceitação e autoaceitação. Neste momento crucial, Shinji é confrontado com uma escolha monumental que poderia afetar toda a humanidade, mas deixarei para você descobrir qual foi essa escolha ao assistir ao anime.

        As interpretações do final de "Neon Genesis Evangelion" variam amplamente entre os fãs e críticos. Muitos veem esses episódios como uma expressão artística das lutas emocionais e psicológicas dos personagens, enquanto outros interpretam o final como uma representação da solidão e da dificuldade de se conectar com os outros. Posteriormente, foi lançado um filme chamado "The End of Evangelion" para oferecer uma conclusão alternativa à série. Este filme fornece um encerramento mais claro e tradicional para os personagens e a trama, ao mesmo tempo em que mantém elementos surrealistas e simbólicos. Em última análise, o final de "Neon Genesis Evangelion" permanece aberto à interpretação do espectador, e ao longo dos anos surgiram diversas teorias e análises para tentar compreendê-lo. É uma obra que desafia as convenções do gênero mecha e continua a ser discutida e debatida na comunidade de anime por suas complexidades e profundidade emocional.